top of page

Criança, fazendeiros e até surfista: quem são os (possíveis) futuros santos brasileiros


Em sua segunda visita ao Brasil, em outubro de 1991, o papa João Paulo 2º celebrou a missa de beatificação de madre Paulina (1865-1942), que 11 anos depois se tornaria a primeira santa brasileira.

Durante aquela homilia, o papa declarou: "O Brasil precisa de santos. De muitos santos!". E explicou o motivo: "A santidade é a prova mais convincente da vitalidade da Igreja".

Não à toa, João Paulo 2º simplificou as regras desses processos e entrou para a história como o papa que mais canonizou: 482 santos em 26 anos de pontificado, mais de quatro vezes o que o restante dos pontífices do século 20, juntos, canonizaram.

O "puxão de orelhas" de São João Paulo 2º - sim, ele também foi canonizado, em 2014 - gerou frutos. Naquele ano, o Brasil não tinha nenhum santo para chamar de seu. Hoje, são três: Santa Paulina, canonizada em 2002 por João Paulo 2º; São Frei Galvão (2007, por Bento 16) e São José de Anchieta (2014, pelo papa Francisco).

E mais: em 1991, o país tinha apenas seis processos de beatificação e canonização tramitando na Congregação para as Causas dos Santos, órgão do Vaticano responsável pelo tema. Hoje, são 90 - um aumento de 1.400%.

Ainda neste ano, o Brasil terá 30 novos santos. Em 15 de outubro, o papa Francisco canonizará aqueles que foram os primeiros mártires brasileiros: os padres André de Soveral e Ambrósio Ferro e 27 leigos, vítimas de dois massacres por intolerância religiosa durante a ocupação holandesa no Nordeste do Brasil, em 1645.


Caminho da santidade

Os santos são venerados pelos católicos como pessoas que, por estarem junto de Deus, teriam o poder de interceder pelos fiéis. Uma vez canonizada, a pessoa é considerada modelo para a Igreja no mundo. Enquanto o culto dos beatos é local, o dos santos pode ser praticado em qualquer lugar.

Dos 90 processos em andamento no Vaticano, quatro são da Arquidiocese do Rio de Janeiro: a menina Odette Vidal de Oliveira (1930-1939), a Odetinha, o jovem Guido Schäffer (1974-2009), o casal Zélia (1857-1919) e Jerônimo Magalhães (1851-1909) e a carmelita Madre Maria José de Jesus (1882-1959). Todos já podem ser chamados de servos de Deus, título dado quando as causas são iniciadas, e que constitui a primeira das quatro fases da canonização.

Ao longo do processo, é preciso reunir documentos e escritos do candidato a santo, registrar depoimentos de fiéis que tenham recebido graças e demonstrar milagres, a fase mais complexa.

No caso de mártires, contudo, não há necessidade de comprovação de milagres. Os padres e leigos do século 17, por exemplo, mortos por calvinistas holandeses, tiveram o aval por terem sido assassinados por "ódio à fé". A palavra final, contudo, é sempre do papa.

Entre os candidatos brasileiros, ao menos 15 já são beatos ou bem-aventurados - ou seja, tiveram ao menos um milagre (ato inexplicável pelas leis naturais) reconhecido pela Igreja. É o caso de irmã Dulce Pontes (1914-1992), beatificada em 2011.

"O caminho que leva à santidade é rigoroso e demorado. Entre outros critérios, avaliamos as virtudes heroicas do candidato e sua fama de santidade. Para ser promovido a santo, é necessário um segundo milagre", diz Dom Roberto Lopes, delegado episcopal para as Causas dos Santos da Arquidiocese do Rio.

"Todo cristão é chamado à santidade. Não apenas padres, bispos e religiosos, mas leigos também", completa.

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39942688


bottom of page